quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Lixo


Minha dor acarinha-te. Sentes que minha humilhação é como um banho quente depois de uma jornada gelada. Minha lágrima representa teu sorriso, como dois traços curvados representam um coração. É isto o que queres – tornou-se obsessão. Obriga-te a não gostar de mim, quase como uma promessa. Pedes tu meu sofrimento.
Desculpe.
Não deu certo. Sua maldade repugnante não me alcançou como fora planejado. Nem sequer me tocara. Desculpe, pois agora desejo-te bem. Feliz, realizada, contudo longe de mim. Desejo, sinceramente, que o amor te encontre, e que ele, enfim, te ensine algumas lições da vida, como as quais que o amor não se força. Quem sabe ele até te mude.
Contudo, desculpe.
O que fizeste já não me dói mais. Como previsto, curei-me. Seria maldade minha dizer que venci. E que no final das contas, tu me serviste como uma grande e deplorável lixeira – você mesma, jogou para mim, todos os lixos que estavam cravados no meu caminho.
Logo, obrigada.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A droga da obediência.


                O controle da dor! O controle das mentes! O controle da vontade! A humanidade controlada por drogas, os desejos regulados, os protestos abafados! A obediência absoluta! A humanidade acarneirada por uma droga!
                Pensei também: mas será que isso é apenas ficção? Será que tudo isso já não está acontecendo atualmente com a jovem humanidade drogada, vagando como idiotas semimortos, sem fé no futuro, sem fé em si mesmos e já sem a força e a garra de que tanto precisamos?
                Seria também impossível não somar, a essas inspirações sinistras, toda uma história de vida permeada pela exortação à obediência, à disciplina, à aceitação passiva de um mundo comandado de cima para baixo, em um país esmagado pela tutela insana de um autoritarismo obediente, ele também, a interesses externos.  

Pedro Bandeira.

domingo, 17 de outubro de 2010

tomara que não.


Meio período; é este o tempo que eu passo com você. Sou invisível, sem valor ou moral – é assim que você me faz sentir. Sem prestar atenção no que digo, seus valores são outros, muito diversos dos meus. A meu ver, tu prezas a aparência, talvez o dinheiro, mais do que qualquer outra virtude que uma pessoa possa carregar consigo. Quer ser a todo custo alguém que você obviamente não é. Tenta conseguir respeito e admiração pela forma mais errada que existe.
                Se olharmos com um pouco mais de cuidado e atenção em seus olhos azuis, se pudermos decifrá-los, enxergaremos a verdadeira você. Sensível, porém muito segura de suas escolhas. Alguém que precisa protestar, precisa fazer algo para que o mundo mude. Alguém que precisa de atenção, muito mais do que já recebe. Precisa sentir o calor de outro corpo junto ao seu. E tudo isso esconde-se embaixo de uma grossa camada, que é constituída de piercings escondidos, um cabelo legal e um vocabulário chulo.
                Fria e egoísta, preza somente aquilo em que acredita; o que o outro acredita, é problema dele. Foda-se. Acha que as únicas pessoas que podem te fazer bem são aquelas que fazem piercing sem a exigência de documentos, as que disponibilizam bebidas alcoólicas e narguille. Também tem as que trazem popularidade.
                No fundo, você odeia Jurupinga, Vodka e cerveja; só aceita bem o vinho. Narguille te faz mal; seca sua garganta, arde o seu pulmão. Mas o que sai da sua boca quando seus lábios se movem é diferente. É uma suplica por mais. Por mais de algo que você não quer de jeito nenhum. Nessas horas, você só queria estar comendo uma pizza com um refrigerante. Mas a sua personagem precisa do figurino completo.
                É com pesar, que às vezes ao te olhar, percebo; você me lembra a pessoa que eu mais tenho nojo no mundo. Uma segunda olhada, e vejo minha grande amiga de volta, aquela em que eu confio e que sempre me foi prestativa.
                Espero estar errada de tudo o que estou dizendo. Espero que você esteja segura e ciente do que está fazendo. Quero que você seja a segunda pessoa; por que, por mais que eu tente, quando tento visualizar o seu futuro só consigo ver uma solteirona. No auge dos seus 45 anos, trocando de namorados regularmente. Acostumada a isso como se fosse uma rotina. Sempre a espera de algo; algo cujo você sente muita falta, porém não tem idéia do eu seja. Pois você nunca soube, nunca conheceu. O amor. Não o amor maternal, ou qualquer outra forma de amor, mas sim o amor passional. Você nunca o sentiu de verdade. Pode até ter se esbarrado com a pessoa que poderia oferecer todo o amor que você sente falta agora, mas você o recusou. Passara para outra, pelo simples fato de ele não ter a estética desejada.
                Sempre buscando o valor superficial, esqueceu-se de que um dia todos nós envelhecemos. O tempo chega. Chega rápido, insolente e entrão, não respeitando sonhos nem desejos. Ele chega sem ser chamado, e toma o lugar daquilo que você mais preza. A beleza. Com ele, a beleza se esvai, lenta e gradualmente, até uma hora, minha cara amiga, que aos 45 anos, só muita plástica. Porém, como hoje, 2010, você com quase quinze anos ainda não demonstrou interesse por nada a não ser a sua digníssima imagem, não sei dizer se terá condições de uma plástica, quem dirá duas, no futuro.
                Você olhará para os seus sobrinhos e então entenderá o seu erro. Desejará voltar, mas não poderá. Invejará a sua irmã, a sua sabedoria. Quando na época você zombou dela por olhar o dentro e não o fora, agora você lamenta por não fazer o mesmo. E se envergonhará disso. Pousará a cabeça entre as mãos, tentando esconder as suas feições, tentando reprimir as lágrimas que agora parecem ter decidido saltar todas de uma vez. Seu rosto tão vermelho quanto um tomate, e aí você entenderá. Entenderá minhas palavras. Entenderá o que eu quis dizer nas vezes em que eu tentei passar isso pra você, e você fingiu compreender, talvez até compreendesse, mas escolhera continuar. Ai você entenderá.  

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Medo.


Há tantos temores. Incontáveis são as vezes em que não nos sentimos parte desse mundo. Cada vez mais louco, como alguém que sofre de esquizofrenia grave – violência, corrupção entre tantas outras coisas sujas. Quantas vezes podemos sentir a maldade impregnada no ar, quase como algo palpável? Não confiamos mais em ninguém. Do outro lado de nossas portas há um gigante. Um monstro, imprevisível, intimidador, barulhento e desconhecido. Como se em sua forma suas garras e presas fossem as pessoas que nele habita. Como todos sabem, feio não é o mundo, mas sim quem o governa, quem o modifica e habita; e tudo o que sabemos sobre essas pessoas é que elas são inconseqüentes. Algumas, talvez, sejam carentes. Muitas com certeza tiveram uma história difícil e muita falta de opção. Quem sabe sintam remorso quando deitam as suas cabeças em seus travesseiros furtados. Há muita gente louca; má de verdade. Essas eu taxaria de egoístas. O prazer provocado pela dor do outro. Como foi que as coisas ficaram assim? Será que a humanidade desde o início tivera tais características? 

Tudo o que posso dizer é que ainda não desisti do mundo altruísta que visualizo em meus mais íntimos sonhos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Você.

Você vive o seu mundo longe do meu e as nossas rotinas não são sincronizadas. Em toda a nossa história, sempre tivemos inúmeros obstáculos. Porém, eles nunca foram tão grandes quanto os de agora – somos diferentes. A sociedade ainda não aceita nossas escolhas. No entanto, nosso relacionamento nunca foi tão transparente quanto é agora. Nunca fomos tão cúmplices. Agora, a gente funciona um pelo outro. Contudo, o obstáculo que certamente mais me machuca, é o da saudade. Falo contigo todos os dias, mas você não tem noção da falta que eu sinto do seu simples toque. De quando as suas mãos quentes percorrem cada milímetro da minha pele, acariciando-me. De quando posso sentir seu coração pulsar contra o meu, em meio a um abraço; sinto falta do seu cheiro. Sinto falta dos seus cabelos roçando em meu rosto enquanto estávamos deitados, um em cima do outro, você me contando sobre as suas coisas, e eu só gravando cada traço da sua expressão. Sinto falta da sua voz sussurrando coisas que interessam somente a nós. Sinto falta dos seus dedos entrelaçados com os meus, mesmo quando era perigoso demais que permanecessem assim. Tenho saudades de te ver dormir. Meus lábios clamam pelos seus. Às vezes, quando estou triste, olho para o lado na esperança de te ver lá, de braços abertos, prontos para me receber, e mais uma vez, você me acalmar, depois de muito eu chorar. E aí, a minha tristeza aumenta. Por que, agora, sabe-se lá quando eu te verei novamente? Sabe-se lá quando poderemos ser livres?
Tudo o que eu peço, é que me espere; nunca senti nada assim antes. Não sei o que você fez comigo, mas agora pra mim tudo só tem um único nome. O seu nome. Guarde tudo o que você tem ai dentro para mim, por que pode ter certeza que eu estarei guardando meu amor pra você. Não consigo mais enxergar uma vida sem você, sem os seus defeitos – pois é, eu amo os seus defeitos. Então, por que, não merecemos ser felizes abertamente, assim como todos os outros merecem?

Esquecer-se.

Seria tão mais fácil se simplesmente existesse um remédio para que pudessemos esquecer aquilo que nos faz mal recordar, ou até mesmo uma borracha que apagasse o passado. Quem não iria querer? Sem lembranças, sem sofrimento. Por que, quando você deixa de ter contato com algo que você goste muito, o que mais dói depois da separação são as lembranças. Os momentos bons, que naquela hora o fizeram sentir como uma pessoa melhor, mais feliz, até mesmo especial, e hoje só lhe ferem. O motivo para tal rompimento também fere bastante. Então, por que simplesmente não conseguimos esquecer o que queremos?

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

On the brightside

 Eu encontrei um homem de dois pés de altura. Esse homem era muito ambicioso, em um mundo que é tão vicioso. Para todos nós, eu disse oi. Ao que ele respondeu, ele disse:
- Ouça a essas palavras que eu tenho vivido por toda a minha vida: você é apenas tão alto quanto teu coração te deixará ser. E você é apenas tão baixo quanto o mundo te fará parecer. Quando a caminhada ficar agitada e você sentir que pode cair, apenas olhe pelo lado bom; você tem aproximadamente seis pés de altura.
Christopher Drew